Antes de começar este caminho de especialização, acreditava que existiam 5 razões para um bebé chorar, no seu primeiro ano de vida. Eram eles a fome, sono, fralda suja, falta de mimo e cólicas. Hoje, vejo o quão redutor era esse conceito de bebé, porque ignora uma serie de dimensões deste pequeno e frágil ser. 

• Não contemplava o desenvolvimento neurológico, sujeito a hormonas de stress, por se sentir inseguro com os milhões de estímulos externos.
  
  
• Não contemplava a imaturidade gastro-intestinal e limitava as cólicas, somente a algo que eu tivesse comido, sem imaginar que existem um sem número de razões físicas para que isso aconteça.
  
  
• Ou que o refluxo nem sempre é fisiológico (chamado bolçar) e que pode causar muita dor e alterações estruturais. Que o desenvolvimento dentro do útero e/ou um parto traumático (parto longo, ventosas, forcepts, cesariana) causam muitas vezes alterações físicas que resultam em dor e por isso o bebé chora “sem razão aparente”.
  
  
• Que o bebé não chora por mimo mas por necessidade de ser ouvido, por precisar de ajuda até para a mais básica tarefa que é, por exemplo, adormecer, se o seu corpo não está em harmonia.

Fez-me reconhecer que tudo tem um tempo certo de acontecer, e que a nossa sociedade e cultura nos precipitam para comportamentos nada naturais, que anulam o instinto que já nasceu comigo, mas que foi enterrado em teorias e pressões de falsa “independência do bebé”. Não me culpo por não ter tido esta clareza antes, sei que fez parte do processo de aprendizagem e me permite hoje, ajudar de melhor forma os meus filhos, os meus pacientes e os seus pais.